The Great Southern Randonee
Um Desafio Australiano
De 25 de outubro de 2004 às 18h
a 29 de outubro de 2004 às 12h
Quase 1200km de bicicleta em 90h
v1.7 – 27/08/2012
Vou começar desmistificando duas características do Randonnée. Não importa o que vocês tenham lido ou ouvido:
- num Randonnée, o ciclista não pode percorrer o trajeto no seu próprio ritmo.
O que ocorre é que o ciclista tem que percorrer o trajeto no tempo mínimo estipulado, antes que os PCs fechem. Nesse caso, significava 15km/h até o PC 8, 11 a 12 até o 14, 13.3 até o 16 e 15 até a chegada. Pode parecer uma velocidade baixa, e seria (e portanto, dentro das capacidades de qualquer ciclista mediano), se o Randonnée terminasse em 400 ou 600km. Mas indo até 1200, isso é na verdade uma armadilha, da qual só se escapa com muita disciplina. A falta dela foi um dos meus dois grandes erros. - o trajeto de um Randonnée não é plano.
The Great Ocean Road
Vista do Estreito de Bass, Mar da Tasmânia
Até
o GSR, sempre levei o Randonnée na flauta, achando que bastava estar
com o corpo e a mente em forma, treinando em percursos longos, com
terreno acidentado e condições adversas. Isso pode ser verdade para
curtas distâncias. Até 600km foi possível pedalar sem um plano, apenas
na "raça". Eu sofri com a distância, com o sono, as subidas, eventuais
ferimentos, a chuva, o vento contra, o frio e com a sensação de que a
"coisa não anda". Mas, dessa vez, atingi o meu limite físico e
psicológico muito antes do fim.
Quando
finalmente eu pude dormir por 3h, já estava acordado a 58, tendo
pedalado 740km em 50h, com serras, frio, ventos de até 60km/h (isso
mesmo! uma das rajadas laterais me derrubou no chão) e chuvas por vezes
horizontais. É evidente que 3h não bastariam para descansar um corpo (e
principalmente uma mente) que teria que enfrentar mais 460km em 37h,
sabe-se lá em que condições. Mesmo assim eu tentei. Após o sono mais
pesado da minha vida, foi acordado por Rowan, o ciclista da Tasmânia,
com mais de 50 anos, a quem acabei apelidando de "Diabo da Tasmânia",
devido a sua impressionante força e resistência psicológica, e
continuamos. Tínhamos 65km de subidas e descidas entre os Grampians até
Dunkeld. De lá, mais 31km até o PC 12, em Hamilton (km 829). Após menos
de uma hora eu já estava sentindo o efeito do sono novamente. O
tasmaniano foi se afastando, se afastando... até que a luz do seu pisca
desapareceu entre as curvas do caminho e não apareceu mais. A noite
intercalava uma esplêndida lua cheia, que às vezes aparecia entre as
nuvens do céu encoberto, e uma chuva fina e fria. Silêncio mortal. Nada
de grilos, corujas, nada. Apenas o leve sussurro do vento e da garoa
batendo no meu capacete, sobrepostos pelo ronco, a essa altura
irregular, dos pneus no asfalto úmido. Perdi a conta de quantas vezes
acordei pedalando em direção ao acostamento. Foi um verdadeiro milagre
em nenhuma delas eu ter caído e me esborrachado. Aos 790km eu não
consegui mais. Tinha chegado ao limite. Eu poderia até continuar
caminhado e empurrando a bicicleta a 3km/h, mas isso não me levaria a
lugar algum. O fato é que, pedalando, eu pegava no sono a cada 10s. Se
insistisse, seria uma questão de tempo me machucar seriamente. Tentei
cantar algo do meu repertório internacional :-), mas eu adormecia no
meio da música. Pedalando em pé eu mal aguentava os joelhos, que estavam
detonados devido ao peso da mochila, atuando sobre eles por mais de 50h
a fio. Parei, baixei a cabeça e tomei a decisão mais difícil que eu
poderia tomar: dormir. Dormir, no ponto em que eu estava, significava
desistir. Dormir ali mesmo, no meio do mato e perder o tempo precioso
necessário para chegar ao próximo PC. Mas droga! Que se dane! Quem se
importa com uma porcaria de medalha? Eu precisava dormir, DORMIR, DORMIR!
Continuei empurrando a bike pelo acostamento e procurando algum lugar
mais protegido do vento e da chuva onde pudesse me deitar e antes, quem
sabe, fazer uma fogueira. Uns 20min procurando e vislumbrei um enorme
eucalipto tombado. Larguei a bike e fui conferir. No outro lado ele
formava uma espécie de cova, onde eu poderia me deitar. Peguei um
isqueiro que eu tinha comigo para situações de emergência como essa ;-)
e, após três tentativas frustradas, tinha um fogo aceso. Encostei a bike
na árvore, catei alguns galhos para alimentar a minha lareira, me
ajeitei como pude no buraco e apaguei. Devia ser 4 ou 4:30 da manhã.
Os restos da fogueira do "acampamento" |
Eucalipto tombado, sob o qual dormi 2h |
Saí
de Hamilton. A 8 ou 10km/h pedalei por uma hora e meia. Cada carro que
vinha da direção de Port Fairy me enchia de esperança, mas nenhum
diminuía e estacionava. O único que parou entrou numa fazenda... Até que
eu parei de pedalar. Não conseguia mais manter uma linha reta. Fui
empurrando a bike, apoiando todo o peso do corpo no guidão, mais
dormindo que acordado... Hoje eu penso que poderia espremer algumas
gotas de sangue esquecidas em algum recanto do meu corpo e ter chegado
pelo menos em Port Fairy. Lá possivelmente eu me recomporia um pouco e,
já tendo completado 916km, esbravejaria até o fim. Me arrependo de não
ter tentado. Se minha vida dependesse disso eu sei que conseguiria. Mas
não era o caso, e na hora eu simplesmente não conseguia mais raciocinar.
Todos os meus princípios, aquela história de limites, aquela mensagem
bonita de esperança e superação que eu postei antes do Randonnée 200
:-p, de lutar até o fim, de retroceder nunca, desistir jamais, tudo papo
furado. Eu não queria mais brincar. O Randonnée 600, perto desse,
parecia coisa de criança... Pela centésima vez, me recriminei por ter
ignorado todas
as regras mais básicas do ciclismo de longa distância. Mentalmente
enumerei os erros que cometi nesse Randonnée, jurando decorá-los para
que nunca mais ocorressem:
- como eu disse no início, é papo esse negócio de que "cada um faz seu ritmo". Meu ritmo é 400km em 24h e 8h de sono, 400 em 24, 8h, 400 em 24 e pronto. 1200 em 90h com 2h de folga pra imprevistos. Mas com isso eu queimaria pelo menos 50% dos PCs. Portanto, esqueçam o seu ritmo e se enquadrem no "Randonnée way of cycling" :-) Pedalem rápido no início, onde estão os PCs rápidos (PCs aos quais se precisa chegar com pelo menos 15km/h), com poucas e rápidas paradas. De preferência, apenas as paradas obrigatórias nos PCs. Após 300km, durmam pelo menos 2h. Não importa a hora nem se estão com sono (provavelmente vão estar). Pedalem mais uns 300 e durmam de novo. Após os 600km a velocidade entre os PCs cai para uns 12 ou 11km/h, daí fica mais fácil. Mas o segredo é: durmam sempre que possível. Se, pelas contas de vocês, sobrar meia hora, durmam meia hora (mas por favor, levem despertador :-) Ah! E durmam muito antes da largada, também.
- NÃO USEM MOCHILA. Se vocês vão ter que carregar o peso de qualquer maneira, porque obrigar os joelhos a suportá-lo? Levem num pequeno alforge ou bolsa, preso no bagageiro, que o resultado obtido é exatamente o mesmo e o corpo sofre muito menos ao longo das 90 horas.
- cuidado com as mãos e os pés. Na escalada da serra de Apollo Bay a Laver's Hill, entre os km 270 e 310 (passando de 0 a 600m de altitude), eu comecei a sentir uma dor crescente no tornozelo esquerdo. Apenas no esquerdo. Quando cheguei no PC de Laver's Hill, achei que não aguentaria sequer mais 100km daquele jeito. Sem maior motivo, abri as sapatilhas para relaxar os pés, e em 20 min a dor havia desaparecido. Era apenas algum tipo de pressão em algum nervo ou músculo do pé. Quando parti de Laver's Hill, deixei a sapatilha mais folgada e não tive mais problemas... no tornozelo. Em compensação, ao longo do percurso, as mãos, principalmente a esquerda, foram perdendo continuamente a sensibilidade, como se a circulação estivesse presa. Agora já passaram 2 dias do Randonnée e eu continuo sem sensibilidade nos dedos. Phil, meu hospedeiro, acha que pode demorar até seis meses para ela voltar completamente. Lembro que tive o mesmo problema em todos os Randonnée, incluindo as minhas bicicletadas mais longas. Mas nunca tão acentuado, uma vez que a distância era menor (até 600km, no máximo). Phil contou que após o PBP de 1991, ele perdeu a sensibilidade dos dedos dos pés por quase um ano. Outros ciclistas do GSR me confirmaram a história, principalmente em relação às mãos. Eu pensei, também, que pudesse ser devido ao frio, mas, segundo eles, é um dano que os nervos das mãos (e dos pés, por vezes) sofrem por receberem por muito tempo um impacto repetitivo. Ficam esmagados, senão destruídos, e precisam se recompor. Isso exige tempo. Nada sério a princípio, mas muito incômodo: perdemos o controle dos dedos e ficamos com dificuldade até para amarrar os sapatos :-) Assim, é importante testar como o corpo reage a esse tipo de agressão, e tentar minimizá-lo, se possível.
- não fazer paradas espúrias. Perdi mais de meia hora entre Port Fairy e Hamilton, secando as luvas num secador automático de mãos dum banheiro público de McArthur, para, logo depois, começar a chover de novo. Antes, logo no início, em Apollo Bay (km 264), a madame aqui resolveu parar para ir ao banheiro, fazer uns sanduíches na mesa da praça, já que tinha levado umas fatias de pão pra "economizar", e depois tentei três vezes ligar pro Lucca. Perdi mais de uma hora, numa parada que poderia se reduzir a 10min!
- pedalar sozinho, a menos que conheça muito bem o parceiro. JAMAIS se basear em um desconhecido. É um risco muito grande. Ele pode ter um ritmo muito lento, e fazê-lo perder tempo, ou pode ser muito rápido, e esgotá-lo antes da hora. Ele pode fazer muitas paradas, ou não querer fazer algumas paradas essenciais para você. Ele pode errar a navegação, e você se ferra junto. CONTUDO, isso não significa abandonar alguém. Randonnée é desafio, não competição. É um absurdo completo passar por cima dos colegas para ganhar um brevet. Ele só faz sentido se todos tiverem sucesso, dentro de suas possibilidades e sem sacanear ninguém. É preciso consciência por parte de cada um, para saber quando se pode ajudar alguém e quando vale a pena receber ajuda, sem prejuízo desnecessário para o outro. Nesse Randonnée, eu atrapalhei o Rowan, e ele me atrapalhou. Por minha causa, ele perdeu 40 extremamente preciosos minutos, me esperando em Dunkeld (ou Hamilton?), enquanto eu procurava um lugar para dormir, após ter desistido (desistido, meu Deus!). Uma atitude nobre da parte dele, mas que quase lhe custou inutilmente o PC de Port Fairy. Se ele tivesse perdido o brevet por minha causa, não sei como ele e eu teríamos reagido. Em contra partida, foi ideia dele secar as luvas em McArthur, coisa que jamais teria passado pela minha cabeça...
- não tentar melhorar a média se ela estiver num nível aceitável. É furada. Fiz isso duas vezes nesse Randonnée. Na primeira, em 50km levei a média de 20.3 a 21.6, com 312km nas costas. Na segunda, após 670km, nem cheguei a aumentar, mas lasquei como um desesperado por 40km, e acabei de vez com os joelhos. No começo sempre pensamos que não vai dar nada, que aguentamos, mas 300km depois, lamentamos amargamente.
- comer bem, mas não demais, para não precisar fazer muitas "visitas" ao banheiro. Tentar reduzir ao máximo possível essas situações. Cada uma delas nos faz perder pelo menos 10min. Se for possível, usar malto-dextrina, e ingerir em quantidade, mesmo sem sentir sede. Alimenta o corpo e não gera sub-produtos.
- não ir nessa de que "é fácil conseguir malto-dextrina na Austrália". Se eu tivesse levado de casa, teria usado durante o Randonnée inteiro. Na Austrália, o mais próximo que eu consegui foi uma dextrose, que mais parecia farinha com açúcar que qualquer outra coisa. E isso depois de muito esforço por parte do Phil, que pacientemente procurou por três dias esse troço.
- a navegação é fundamental. Quem se perde, além de pedalar mais, joga fora um tempo precioso. É muito fácil desperdiçar meia hora por uma leitura incorreta da carta de navegação. Foi o que aconteceu comigo chegando em Hamilton, na ida, quando ainda tinha o controle da situação. Perdi meia hora e cheguei no PC às 8:09, 3 minutos antes dele fechar. Vejam só: uma hora perdida, secando as luvas em McArthur e procurando o PC. Duas, com a parada de Apollo Bay. Dá vontade de chorar quando lembro disso.
- chegar pelo menos duas horas antes ao local da largada. Não como eu, que cheguei uma hora antes, pra preparar as doses da tal da dextrose, receber as cartas de navegação e os mapas, lê-los, interpretá-los, comer alguma coisa, e sair correndo, estressado, esquecendo até as luvas (foto :o)...
- a menos que seja a primeira edição de um determinado percurso, alguém já deve tê-lo percorrido e escrito algum relato. Procurem por esses relatos e informem-se o máximo possível sobre as dificuldades do caminho, onde é melhor dormir, o que levar ou não levar em especial. Pode poupar muita energia e desgaste psicológico.
- tenho que admitir: pelo menos nas primeiras vezes, até que se esteja acostumado com o ritmo de um Randonnée de 1200km, qualquer coisa que aumente a comodidade em 3 dias e 18h de pedalada praticamente ininterrupta é recomendável. Isso significa usar calça comprida, manguito, capa de chuva, luva comprida, proteção a prova d'água para as luvas e para as sapatilhas. Incluo nessa lista uma bike mais leve. Nesse Randonnée usei roupas compridas, a partir de terça-feira a noite. Ajudou bastante. Mas a bike, eu só troco quando conseguir completar o GSR com a minha. Isso significa mais dois anos de Randonnée em mountain bike >:-p
Largada do GSR 2004 - apenas 20 participantes |
Na
noite do sábado anterior à largada, Phil ofereceu uma janta a um casal
de amigos, Don e Enid, e eu entrei de gaiato no rolo :-). Don, com 70
anos, já completou três PBP, incluindo o último, em 2003! Enid também
terminou um, em 1995, então com 59 anos. Meus hospedeiros, Phil (55) e
Sue (40), são veteranos de três PBP, um deles em uma tandem dupla.
Alguns dos participantes desse GSR, com visivelmente mais de 50 anos, já
correram mais de 9 (nove!) brevets de 1200km. Peter, que também não é
nenhum garoto, em 1995 completou o PBP em 74h 35min. Ron, da Inglaterra,
finalizou um deles em 66h! Eu me sentia uma criança no grupo. Um
genuíno pata tenra :-) 4 brevets de curta distância em nem um ano de
Randonnée. Na noite da janta Don foi enfático: don't waste time!
É óbvio que entrou por um ouvido e saiu pelo outro :-( Antes da
largada, a esposa de Peter me alertou sobre o peso da mochila... mas
quê! Eu consigo... Por isso, com certeza o problema não foi o tempo, o
trajeto, a bike, a falta de malto-dextrina ou qualquer outra
característica técnica. Foram as medidas logísticas que me levaram a
esse resultado parcialmente medíocre. Digo medíocre, pois não atingi meu
principal objetivo na Austrália, e digo parcialmente porque, mesmo não
tendo brevetado nem completado o Randonnée 1200, ainda assim fiz algumas
coisas inteiramente novas em minha vida, chegando a ultrapassar alguns
limites:
- fiz minha primeira viagem fora do Brasil
- voei pela primeira vez (se bem que não foi nada de extraordinário...)
- descobri que meu inglês até que não é tão ruim, e que dá pra sobreviver muito bem apenas com o que se aprende na escola e por conta própria
- fiz minha viagem mais longa de bike, sem interrupção: um mês (até agora a mais longa tinha sido de 12 dias)
- percorri minha maior distância numa sequência: 2200km em 20 dias com 6 dias de descanso ao longo do período
- ultrapassei de longe minha maior marca de distância pedalada num ano: 13600km em 10 meses (até então, uns 9000 em 12 meses)
- fiquei meu maior tempo acordado: 58h (último recorde: 50h, trabalhando no CEAT :-)
- pedalei minha maior distância sem dormir: 740km em 50h (último recorde: 600km em 37h, no Randonnée 600 em Campinas)
- descobri que o Randonnée 1200 não representa a fronteira final, portanto já estou pensando no Randonneur 5000 >:-)
- recebi convites para o Londres-Endimburgo-Londres (LEL), de 1400km, e o BMB. Isso significa que meu desempenho geral não foi tão ruim assim, hehehe...
- conheci a Austrália, uma terra que me atraia a vários anos (desde que assisti Crocodilo Dundee, pelo menos :-)
- muita coisa que eu preciso para minha viagem pelos Andes foi obtida na preparação para essa viagem (incluindo experiência). Portanto, agora ela é mais provável do que nunca.
- tenho uma noção bem realista do que significa um Randonnée de 1200km. A probabilidade de completar os próximos é muito grande.
- tive um mês inteiro de férias (e excelentes, por sinal, apesar de nem ter encostado na água do mar), pela primeira vez em 7 anos.
Finalmente,
vindo de Hamilton e não de Port Fairy, apareceu o tão esperado resgate.
Como a ligação tinha caído, Peter não ouviu meu aviso de que eu iria
seguindo em direção a Port Fairy e achou que eu estaria esperando na
rodoviária de Hamilton. Como o motorista, responsável pelo PC de Port
Fairy, foi por um caminho mais curto, não me pegou na ida. Assim, com a
minha tentativa desesperada de ganhar tempo, só consegui perder mais
meia hora, quarenta minutos. Tsc, tsc, tsc... Não aprende nunca... Mau
Sapão, mau Sapão :-( Colocamos a bike de qualquer jeito no porta-malas
e, sentindo um prazer quase sexual :-p, sentei no banco do carro,
seguindo com todo o conforto do mundo até Port Fairy. Comi alguma coisa e
deitei sem banho nem nada. Dormi um sono sem sonhos das 3 da tarde às 7
da manhã. Só acordei porque o outro responsável pelo PC me chamou,
avisando que às 8h partiríamos para Anglesea. Eu estava com as mãos
inchadas, a direita parecia uma batata. Os dedos totalmente endurecidos e
sem sensibilidade. Tomei café, um banho e seguimos para o ponto final
do GSR, novamente Anglesea. De carro, é óbvio. Lá esperamos os últimos
participantes chegarem e, junto com Phil, voltei para Melbourne. Rowan
completou o Randonnée em 89h e 43min. Um herói, na minha humilde
opinião. Ele já vinha sentindo os joelhos desde o km 200. Se aos 50 anos
eu tiver sua resistência e força de vontade, sei que vou ter tudo o que
realmente importa na vida quase sem sentido de um ser humano...
E
é isso. Considero que o saldo final foi positivo. Essa medalha, desse
Randonnée de 1200km, eu pego daqui a alguns anos, numa próxima edição do
GSR. Talvez eu não venha sozinho, então...
Melbourne, Austrália, 1º de novembro de 2004
2 comentários:
Oi Bagatini... Você colocou uma informação errada sobre o PBP. Há sim muitas subidas difíceis no Paris-Brest-Paris. Não se compara ao Rocky Mountain, mas o PBP é realmente muito difícil. O próprio Giro do Chimarrão é mais suave que o Paris-Bresst-Paris. Quem viajar pensando que é barbada e "só plano" terá uma surpresa desagradável. Posso dizer que 80% do percurso é sinuoso com grandes subidas, na maioria mais íngremes e mais longas que as encontradas nos brevets brasileiros.
Rafael
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